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Cientistas querem criar peixes na Lua para alimentar astronautas
O plano dos cientistas é montar um sistema de produção de alimentos sem desperdícios no espaço
Publicado em 01/05/2025 21:04
Ciência

A tecnologia para o cultivo de peixes foi pensada inicialmente para a Terra e posteriormente adaptada para a Lua - (crédito: Imagem gerada por Jaqueline Fonseca com IA GROK)

Depois de astronautas cultivarem vegetais no espaço, cientistas têm um plano mais ousado: criar peixes na Lua para servirem de alimento para os viajantes espaciais. Um projeto liderado por cientistas franceses, chamado Lunar Hatch, estuda a viabilidade da proposta.

O peixe é o alimento ideal no espaço, de acordo com o biólogo marinho responsável pela iniciativa, Cyrille Przybyla, do Instituto Nacional Francês de Pesquisa e Exploração do Mar. "O peixe é fácil de digerir, rico em proteínas, ômega 3 e vitaminas do complexo B, essenciais para a manutenção da massa muscular", afirmou ao jornal The Guardian.

A ideia de Przybyla é enviar ovos fertilizados de robalo ao espaço. Eles eclodiriam durante o trajeto até a Estação Espacial Internacional (ISS) e os filhotes seriam monitorados, a fim de serem trazidos de volta à Terra. O objetivo final é instalar um sistema de criação de peixes na superfície lunar.

 

Diversas espécies de peixe já estiveram em gravidade zero antes, como Fundulus heteroclitus, barrigudinhos e peixes-zebra — usados para experimentos do impacto da microgravidade em seus corpos. Essa é a primeira vez, portanto, que os animais serão levados ao espaço para fins alimentares.

Sistema de produção

O plano dos cientistas é montar um sistema de produção de alimentos sem desperdícios, em um ciclo fechado: a água para os peixes viria do gelo encontrado nos polos lunares; os dejetos deles alimentariam algas microscópicas, que seriam consumidas por moluscos e zooplâncton; as fezes dos robalos, por sua vez, seriam recicladas por camarões e vermes, que serviriam de comida para os próprios peixes.

Foram realizadas todas as simulações possíveis em solo, segundo Przybyla. Os embriões de robalo resistiram às vibrações de um lançamento a bordo de um foguete Soyuz e a testes de resistência a hipergravidade e radiação cósmica. O próximo passo é uma missão espacial para comparar os dados com os testes realizados em solo.

Conforme o cientista, a tecnologia foi pensada inicialmente para a Terra e posteriormente adaptada para a Lua. “Adaptamos para a Lua um sistema que originalmente pensamos para o nosso planeta. Esse tipo de aquicultura circular é fundamental para preservar o meio ambiente e garantir sustentabilidade econômica”, afirmou.

Por Isabela Stanga

Correio Braziliense

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