Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec) ressalta o papel do papa Francisco na defesa da educação - (crédito: Vaticano)
A Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec) manifestou pesar pela morte do papa Francisco, nesta segunda-feira (21/4), aos 88 anos, vítima de acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. Em nota oficial, a entidade expressou união à Igreja Católica, aos bispos brasileiros e à comunidade educacional em memória do pontífice.
“Com coração entristecido, mas firmes na fé, elevamos nossa prece pelo descanso eterno desse discípulo de Cristo, eleito como Bispo de Roma e chefe de toda a Igreja, que tanto nos ensinou com sua simplicidade, compaixão e compromisso inabalável com os mais pobres e com a Casa Comum”, diz trecho da nota.
A Anec, que representa mais de 900 instituições de ensino católico no país, destaca que o pontificado de Francisco foi marcado “pelo chamado à fraternidade universal, pelo cuidado com a criação e pela defesa da educação como caminho de transformação social”. Além disso, ressalta o legado de amor, misericórdia e esperança por ele deixado. “Seu testemunho de serviço continua a iluminar nosso compromisso com uma educação enraizada nos valores do Evangelho e no cuidado integral do ser humano.”
Protagonismo jovem
Eleito em 2013 como o primeiro papa latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar o cargo, o então cardeal Jorge Mario Bergoglio sinalizou seu compromisso com os mais vulneráveis. Não à toa, escolheu o nome Francisco — o primeiro da história da Igreja —, em homenagem a São Francisco de Assis, com uma visão humanizada da evangelização e do processo educativo.
Segundo a Anec, o pontífice teve uma relação “afetiva e pastoral” também com os jovens. Sua primeira grande viagem apostólica foi ao Brasil em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, onde convocou a juventude a uma fé ativa e engajada: “Saiam às ruas”, incentivou Francisco em um dos momentos mais marcantes de sua passagem. A Anec diz que esse chamado foi “um apelo vibrante para que os jovens fossem protagonistas de um novo mundo, mais justo, fraterno e solidário.”
Ao longo dos 12 anos à frente da Igreja, Francisco reafirmou o papel da educação em diversos documentos, falas e orações. Para a Associação, a abordagem dele “ampliou o entendimento da educação para além do ensino formal, propondo uma formação integral que una razão e espiritualidade, fé e compromisso com a justiça social.”
Educação como eixo central
A Anec enfatiza ainda que, em diversas encíclicas, o papa tratou da educação como “eixo central na construção de um mundo mais justo e fraterno”. Em Laudato Si’ (2015), Francisco conectou a crise ecológica à pobreza e apontou a educação como meio de transformação da consciência ambiental e ética. Em Fratelli Tutti (2020), reforçou a necessidade de educar para a fraternidade, a solidariedade e o diálogo entre culturas. E, mais recentemente, com Dilexit Nos (2024), ofereceu uma reflexão sobre o amor e a compaixão como bases para relações educativas mais humanas.
Em janeiro de 2025, ao propor como intenção mensal de oração o direito à educação, Francisco denunciou o que chamou de “catástrofe educativa”, referindo-se aos milhões de crianças e jovens que continuam fora da escola. A entidade reforça que, ao abordar também os desafios impostos pelas novas tecnologias, o papa alertou para a importância de “um uso ético, responsável e humanizado desses recursos."
“O papa Francisco sempre foi um defensor da formação integral da pessoa humana, promovendo uma educação que forma para o amor, para a paz e para a justiça”, afirma o professor e sacerdote João Batista Gomes de Lima, diretor-presidente da Anec.
A associação concluiu convocando toda a comunidade educacional e pastoral a se unir em oração: “Rogamos a Deus que conceda ao Papa Francisco o descanso eterno e que seu exemplo continue a nos guiar. E rogamos ao Senhor da Messe e Pastor do rebanho que continue a guiar sua Igreja com a força do Espírito, iluminando aqueles que, durante a Sé Vacante, se encarregarão de pastorear seu povo.”
Marina Rodrigues
Correio Braziliense